
(1) Praia do Futuro: a vida de Donato é angustiante. Uma eterna fuga da realidade. Algo que ele nunca consegue. Inicialmente, tornou-se guarda-vidas não por vocação, mas para fugir. Infelizmente, toda vez que saía da água, a realidade o massacrava. Fugiu momentaneamente para Berlin, onde pensou que poderia se refugiar para sempre... até que o passado batesse à sua porta e cobrasse caro pela fuga. Pessoalmente, meu estado emocional foi de A a Z e voltou!

(2) Lucy: há mais mistérios entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia. De vez em quando, algumas peças deste quebra-cabeça são reveladas. "Imagine um carro em velocidade infinita"... na verdade, ele não "desaparece", ele se transforma em tudo. Mas nossa "racionalidade" (realidade?) precisa reduzi-lo a um carro para que possamos percebê-lo.

(3) Noé (Noah): o Zohar em imagens. Um dos filmes mais arquetípicos já lançados para tentar mostrar como é que funciona essa realidade e a dicotomia de sermos, ao mesmo tempo, "filhos de Deus" e "homens". Escolha o seu lado. Mas escolha bem. New Age? Sim, pode ser encaixotado nessa categoria. Mas isso só faria desviar da questão principal e deixar bem claro qual dos dois lados você escolheu. Para muitos, uma imensa papagaiada. Mas se tem algo que aprendi é que quando mais se rejeita, maior o teor de verdade.

(4) Ela (Her): é possível se apaixonar por uma voz? Por uma ideia? E quando o outro já não é mais suficiente? Melancolia do início ao fim, onde Jonze coloca à mesa os mais variados temas para discussão: desde como nos relacionamos com "o outro" até a reflexão sobre onde está a tão almejada "felicidade", dentro de nós ou no exterior.

(5) Amantes Eternos (Only Lovers Left Alive): Adam, está em crise. Ele não aguenta mais os "zumbis" (como eles carinhosamente nos chamam). Eve, sua esposa há muitos séculos, tenta fazer de tudo para animar o vampirão deprê. Tilda Swinton nem precisava de maquiagem para ser a vampirona mais realista do cinema (rs), assim como John Hurt, que interpreta Christopher Marlowe.

(6) Os Guardiões da Galaxia (Guardian of the Galaxy): cinema pipoca de primeira. Engraçado quando precisa ser e utilização perfeita de CGI quando necessário. Rocket Rackoon rouba suas cenas, mas o título de Miss Simpatia vai para I'm Groot. :-)

(7) Sob a Pele (Under de Skin): um grande ponto de interrogação do começo ao fim, mas é um desbunde visual e sonoro para nos mostrar quem são os monstros, se "eles" (lá de fora) ou nós (homens).

(8) Godzilla: concordo que o filme pode parecer arrastado e monótono, mas a plasticidade de algumas cenas de luta são espetaculares. Há também a inversão de valores. Gojira, originalmente, destruía. Agora, ele é tipo um anti-vírus. E você torce por ele no final!

(9) O Homem das Multidões: as dores, alegrias e mudezas de ser invisível. Praticamente um monólogo quase sem diálogos entre um maquinista de um trem que só tem um copo em seu apartamento. Camadas e mais camadas a serem percebidas do silêncio das personagens.

(10) Eles Voltam: as dores do crescimento de uma típica jornada do herói, no caso, heroína, cujo cenário é a zona rural e o litoral pernambucano. Capaz de explodir as mentes mais inquietas, pois o silêncio e a reflexão predominam em mais um filme pernambucano que serve como exemplo que o cinema brasileiro vai muito além das insípidas inodoras e incolores -- apesar de campeãs de público -- comédias da Globo Filmes

(11) O Último Amor de Mr. Morgan (Mr. Morgan's Last Love): uma história de amor longe do convencional. Mr. Morgan encontra em Pauline a esposa recém-falecida. Por sua vez, Pauline encontra em Mr. Morgan o pai que perdeu há muito tempo. E quem disse que o amor vem com manual de instruções?

(12) O Grande Hotel Budapest (The Grand Budapest Hotel): típico Wes Anderson, com seus tiques, maquinações e atores favoritos. Apesar (bem como em função) disto, diverte pra caramba.

(13) Hoje eu Quero Voltar Sozinho: antes de ser a história do menino cego e gay, é sobre diferenças. Não a diferença de ser gay frente a uma maioria heterossexual. A diferença por não se encaixar sobre o que é normal na visão dos seus pais e colegas de classes metidos a valentões. Além disso, é também sobre as dores do crescimento desse rapaz que, "apesar de diferente", tem dramas bem comuns a todos nós. Tudo é construído de forma tão natural que, de repente, surge o primeiro beijo. Roubado. Já o segundo...

(14) X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (X-Men: Days of Future's Past): apesar de inferior ao anterior, o subtexto continua poderosíssimo e atual. A certa altura do filme, Xavier pergunta: "Por que você tentou matá-lo?". Recebe como resposta de Eric: "Eu tentei salvá-lo e fui impedido. Fiz porque ele era um de nós". Insira a minoria historicamente massacrada no contexto e você se conscientizará de como é importante ter um arquétipo desses no inconsciente coletivo

(15) Trem Noturno para Lisboa (Night Train to Lisbon): a felicidade pode estar ao seu lado na estação de trem, mas o medo de mudança pode ter fazer embarcar...
(+ 7 no cinema)
Álbum de Família (August: Osage County): A amargura de Julia Roberts dá medo.
Era uma Vez em Tóquio (1953): pais rejeitados pelos filhos.... e era a década de 1950 (!)
O Estranho do Lago (L'Inconnu du Lac): desejo x razão.
Limite (1931): LOST.... 70 anos antes.
O Lobo de Wall Street (Wolf of Wall Street): humor negro de primeira.
Trapaça (American Hustler): Amy Adams... e o resto.
O Verão do Skylab (Le Skylab): Julie Delpy = <3
(+ 10 fora do cinema)
Os 12 Macacos (Twelve Monkeys, 1995): maldito destino! Não importa quão boa pode ser sua intenção, o que tiver que acontecer... acontecerá!
Capitão América - O Soldado Invernal (Captain America: Winter Soldier, 2014): belíssimo thriller de espionagem setentista.
Disconnect (2012): a mesma tecnologia que une, desconecta.
Gabriel - A Vingança de um Anjo (Gabriel, 2007): o arquétipo do bem contra o mal contado sob a ótica dos anjos caídos. Embasbacante!
Heróis de Ressaca (The World's End, 2014): bloody hell! o filme mais hilário de todos os tempos!
Jodorowsky's Dune (2013): documentário sobre o filme mais fodástico que nunca saiu do papel.
O Nono Portal (The Ninth Gate, 1999): esoterismo puro.
Pecados da Carne (Eyes wide Open, 2009): numa sociedade ultra-ortodoxa, não há final feliz.
Sem Gravidade... Sem Cérebro (Space Station 76): certamente estaria entre os três melhores do ano caso tivesse sido visto no cinema. Gosto da ideia dos figurinos setentistas voltarem no futuro em que estivermos viajando pelo espaço. Mas, o que mais me tocou é a ideia central: a tragédia de como nós não conseguimos deixar de arrastar os outros para nossa própria miserabilidade.
Visionários (Visioneers, 2008): tragicomédia de uma realidade não tão diferente da nossa.
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