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ENTER THE VOID

Uma viagem lisérgia e sem pé nem cabeça.


Oscar e Linda são dois irmãos de nacionalidade francesa que vivem em Tóquio. Oficialmente, ele é dj, mas para completar o orçamento, faz pequenos negócios como traficante. Ela, é stripper em uma boate. Em uma emboscada policial, Oscar é mortalmente ferido, mas seu espírito se recusa a deixar o mundo dos vivos por fidelidade à promessa que fez de nunca deixar a irmã. Começa, então, a viagem do espírito de Oscar pelo passado, presente e futuro conforme descrito em O Livro dos Mortos do budismo.

Gaspar Noé, mais uma vez, faz um filme com estrutura narrativa não-linear. Porém, diferentemente de Irreversível (Irreversible, 02), narrado de trás para frente, aqui ele começa de forma linear até a morte de Oscar. Daí para frente, as peças do quebra-cabeças a ser montado corresponderão às lembranças de quando Oscar era pequeno (que é quando descobrimos o que ocorreu com os seus pais, porque se separou da irmã e o que ele fez para que ambos se reencontrassem do outro lado do mundo); do logo após sua morte (como se comportam seus amigos, sua irmã, quem o denunciou para os policiais); e do futuro, quando passamos pelo constrangimento de ver a cabeça de um pênis entrando e saíndo de uma vagina. Tudo isso entrecortado pelas luzes hipnotizantes de Tóquio.

Enter the Void é uma experiência visualmente embasbacante, mas na qual eu não embarquei. O roteiro é simples e previsível, pois toma como base O Livro dos Mortos do budismo, mencionado logo no início do filme e explicado pouco antes da morte de Oscar, mas isso está longe de ser um problema. O que me causou desconforto foi a preferência do diretor pelo visual e pelos "truques" de filmagem que me remetiam a todo instante a Irreversível. Ponto para a câmera subjetiva que acompanha toda a ação pelo olhos de Oscar. Ela, inclusive, "pisca" enquanto ele ainda pode piscar seus olhos.

Não espere um tratado sobre o pós-morte. Essa não foi a intensão do diretor que também escreveu o roteiro (e que, dizem as más linguas, formatou o roteiro durante 15 anos a partir de suas próprias viagens alucinógenas). É tanta firula e durante tanto tempo (são inacabáveis 161 minutos) que no meio do caminho eu já estava cansado. Apesar de visualmente impecável, o que sobra uma casca vazia.


D
Enter the Void (Gaspar Noé, FRA, 2009)
Quando: Abril/11 (Divx)
Sítio Oficial: ficha imdb

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