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COMO ESQUECER

... e recomeçar a viver?


Quando é chegado o momento de voltar a se relacionar com alguém? Como cicatrizar a ferida e deixar a amargura para trás? Vale a pena voltar para quem te abandonou quando você mais precisou dele? E a "viuvez"? É mais fácil do que um rompimento?

Antônia decide, unilateralmente, terminar seu relacionamento de 10 anos com Julia, que entra numa espiral depressiva-psicótica e só não surta pois seu melhor amigo, Hugo, que também passou por um processo de separação recente (só que no caso, a causa foi a morte de seu companheiro), decide se mudar para o seu apartamento para ajudá-la a superar sua dor. Para complicar a situação, Carmem Lygia, sua orientanda de mestrado, não para de se insinuar.

Para apagar o passado, Hugo decide que Júlia deve-se me mudar com ele e Lisa para uma casa no subúrbio. Lisa também está passando por maus momentos, pois seu namorado não aguentou a pressão de uma gravidez indesejada. Para completar o caldo, ainda há Helena, prima de Lisa, que decidiu pedir demissão de seu emprego na embaixada brasileira em Paris para morar no Rio e viver como artista plástica.

O filme começa feliz, com Julia segundo o olhar de Antônia em imagens gravadas em Londres (terra de Virgínia Wolf, entre outras autoras que serão citadas ao longo do filme). Corte. Numa sala escura, Julia queima fotos antigas. A amargura faz com que Julia afaste todos que tentam ajudá-la. Sua dor é muito grande e o seu desejo de autodestruição é forte. Numa cena-chave, ela se dá de cara com sua consciência. É o fundo do poço. Tempos depois, a mudança, quando Júlia decide pegar para criar um gato que miava embaixo de sua janela (quando a atitude esperada era que ela jogasse um tijolo no bichano).

Mesmo depois de superar o desejo de autodestruição, Julia ainda experimentará alegrias e tristezas até se permitir parar de olhar para trás. Hugo e Lisa também têm suas histórias resolvidas. Quer dizer.... resolvidas até aquele momento, pois a ninguém é revelado seu futuro de antemão. Uns são de correr riscos, outros, nem tanto. Quem somos nós para julgá-los?

Para finalizar, dois aspectos "superpositivos" sobre o filme: (1º) é um filme brasileiro produzido no eixo Rio-SP com atores globais que não só consegue fugir do estereótipo amorfo de comédias televisivas da Globo Filmes como faz com que não nos lembremos, por exemplo, que Murilo Rosa é o protagonista da atual novela da 6; e (2º) apesar de contar com a quase totalidade de personagens homossexuais, trata o seu tema de forma universal. Afinal de contas, a dor da separação (e a superação dessa dor) é a mesma, não importa sua orientação sexual.


B+
Como Esquecer (Malu de Martino, BRA, 2010)
Quando: Fevereiro/11 (Cinema da Fundação)

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