Take a walk on the wild side.
Nina, apesar de aparentar ter uns 20 e poucos anos, é uma garotinha. Superprotegida pela mãe, provavelmente virgem, não sai, não bebe, não namora. Sua vida é o balé. Não basta treinar na companhia, quando ela chega em casa, ela treina ainda mais. Com transtorno obsessivo-compulsivo (coceira nas costas, bulimia e anorexia), não é a toa que, até o final, acompanharemos o esgarçamento de sua sanidade mental.
Natalie Portman no limite. Nina faz parte de uma companhia de balé e, com a aposentadoria forçada da prima ballerina anterior (idade, sabe como é...), seu diretor decide selecionar sua substituta através da escolha da protagonista de sua nova peça, O Lago dos Cisnes, com um diferencial: as irmãs Odette (o Cisne Branco) e Odile (o Cisne Negro) serão interpretadas pela mesma bailarina. Nina é perfeita para o Cisne Branco (dedicada, perfeccionista, pueril), mas conseguirá segurar a pressão inerente ao mundo do balé e libertar a volúpia necessária para a performance do cisne negro?
Cisne Negro, não é sobre bailarinas como estamos acostumados a ver. Todas as menininhas sonham em flutuar ao invés de dançar. Aqui, as bailarinas só são graciosas em seus paços após serem exaustivamente repetidos e após se autoflagelarem ao extremo. Que distendam seus músculos, que distorçam seus diafragmas, pois se alguém não conseguir, pode ter certeza que haverá outras 100 prontas para guerrear por esse posto.
No contexto do filme, nada mais exemplificativo do que a prima ballerina anterior, interpretada por Winona Ryder. Ela já foi a "queridinha da América", já esteve no auge quando tinha 20 e poucos anos. Agora, aos 40, é apenas uma sombra do seu passado de glórias. Só lhe resta a bebida e o desejo de autodestruição.
No entanto, sempre se deve dar o benefício da dúvida, pois o filme nos é apresentado segundo o ponto de vista de Nina, que logo aos 5 minutos se vê no metrô. No final desse dia, ela também se verá nos corredores do metrô. Em certo ponto, já não saberemos mais o que é real e o que é imaginário.
Não é nenhuma "obra prima" como insistem em hypá-lo, mas Cisne Negro sai do lugar comum. Há outros exemplos por aí de diretores que levaram suas atrizes ao extremo como Polanski/Catherine Deneuve em Repulsa ao Sexo (Repulsion, 65) e Truffaut/Isabele Adjani em A História de Adele H (L'histoire d'Adèle H, 75), para ficar em apenas dois exemplos, mas o ritmo crescente da destruição da mente de Nina culminando no clímax catártico durante a apresentação de balé não deixa nada a desejar aos grandes mestres.
A
Black Swan (Daren Aronofsky, EUA, 2010)
Quando: Fevereiro/11 (Box Cinema)
Sítio Oficial: foxsearchlight.com/blackswan
Black Swan (Daren Aronofsky, EUA, 2010)
Quando: Fevereiro/11 (Box Cinema)
Sítio Oficial: foxsearchlight.com/blackswan
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