Uma Maria Antonieta cool, humana e simpática.
Sim, esse foi o filme que foi vaiado no último Festival de Cannes e sim, Sofia Coppola tinha uma baita duma responsabilidade nas costas após o estupendo Lost in Translation (03). Eu, particularmente, não estava muito empolgado em conferí-lo...
... até que eu vi um de seus trailers no Youtube com "Ceremony" do New Order de trilha sonora. Pronto! A obsessão se entranhou no meu ser e fiquei louco de vontade de vê-lo. O medo de uma possível decepção (ora, ele foi vaiado em Cannes e a imensa maioria das críticas foi negativa) não me dominou e eu saí do cinema realizado.
Primeiro, por rever Versailles. Segundo, por ter a oportunidade de novamente ficar encantado pela interpretação da gracinha da Kirsten Dunst. Terceiro porque, afinal de contas, era um filme da mesma diretora de Lost in Translation (03)!
Há pontas soltas, claro, mas compreensíveis, pois o filme resume aproximadamente vinte anos da última rainha francesa antes da Revolução. Achei estranho, a mudança "repentina" do comportamento de Maria e seu marido, Luis XVI. De distantes no dia do casamento aos 7 anos sem a "consumação" do enlace matrimonial, "de repente" eles eram pombinhos apaixonados. No começo, essas elipses narrativas eram legais, mas no final, você fica um pouco perdido (se bem que a forma dela contar o nascimento de dois dos quatro filhos da rainha é fabulosa, mas só entendi aquele enterro quando li a respeito e soube que dois dos seus filhos morreram ainda crianças).
Não espere uma olhar crítico e impessoal de um historiador. Esse é um filme autoral e, acima de tudo, humanizador da rainha que contribuiu efetivamente para a Revolução Francesa. Também achei isso estranho, pois os livros de história pintam a dupla Luis XVI e Maria Antoineta como os demônios na Terra de Danton e Robespierre (tanto que eles perderam a cabeça, bem como seus algozes), mas eles são tão humanos no filme, tão... gente como a gente... Ele gosta de fechaduras e de caçadas, enquanto que ela gosta de colecionar sapatos, vestidos e, depois de virar rainha, passa a ter como hobbie dar festas de arromba até o amanhecer.
A trilha sonora é um deleite à parte e vem se tornando uma marca registrada de Sofia. O que muitos criticaram como sacrilégio, eu achei fantástico um baile de máscaras na Paris do século XVIII ao som de Siouxsie and The Banshees e várias festas da nobreza tendo como trilha sonora o punk-rock inglês da década de 80. Vamos deixar aquelas músicas "da época" para aqueles filmes "caretas", certo?

As críticas são compreensíveis, pois o roteiro não proporciona nenhum clímax, seguindo a mesma cadência do começo, quando ela viaja da Áustria para a França (sob a narração da D.E.U.S.A.) até o momento final, quando ela vê Versailles pela última vez, expulsa pelos revolucionários. Entretanto, Kirsten Dunst e A D.E.U.S.A. estão presentes e é impossível não se apaixonar por um filme que conta com suas presenças, assim como é impossível não se apaixonar por um filme de Sofia Coppola.
A
Marie Antoinette (Sofia Coppola, EUA/JAP/FRA, 2005)
Quando: Março/07 (UCI Recife)
Site Oficial: www.marieantoinette-movie.com
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