Uma discussão sobre controlar sua vida ou deixar que ela o controle.

Harold Crick tem uma vida ordinária. Todo-santo-dia ele conta quantas escovadas dá em seus dentes, pensa entre dar um ou dois nós em sua gravata em função do tempo que esse nó extra lhe tomará e sai de sua casa na mesma hora, com o mesmo café da manhã para pegar o mesmo ônibus. Todo-santo-dia. Ele não tem uma vida pessoal, não tem amigos e tem um emprego que todos que o conhecem passam a odiá-lo: é fiscal da receita federal encarregado de cobrar impostos de quem cai na malha fina.
Numa bela manhã, uma manhã como outra qualquer, com as mesmas escovadas de dentes e os mesmos passos de sua casa até o ônibus, ele se dá conta que há alguém narrando sua rotina diária como um personagem de um livro.
Intrigado, ele procura uma psicóloga, que o diagnostica como esquisofrênico e lhe prescreve remédios. Não satisfeito, ela indica um professor de literatura. A voz continua ressoando em sua cabeça nos momentos em que faz a mesma rotina de sempre até que ela lhe faz uma revelação bombástica: ele vai morrer. Em breve. Tão certo como todas as vezes em que ele folheia os processos arquivados e sente como se fosse a brisa do mar, ele vai morrer.
Nesse ponto, começa a discussão entre quem realmente está no controle de sua vida, ele mesmo ou a "voz do além". Ele tenta mudar, pois apesar de ter uma vida ordinária, banal e rotineira, ele não quer morrer. Aprende a tocar guitarra, vai ao cinema e se apaixona pela dona de uma confeitaria na qual ele é não é bem-vindo, pois está devassando suas contas em razão de "diferenças contábeis" entre o imposto pago e o imposto presumido.
Eventualmente, ele acaba conhecendo a narradora de seu dia-a-dia, a sumida (nas telonas) Emma Thompson, que fuma feito chaminé, só não o matou até aquele momento pois está tendo um bloqueio criativo e está à beira de um ataque de nervos (qualquer semelhança entre ela e seu livro e eu e minha tese é totalmente válida). Ela se dá conta que não está apenas escrevendo sobre um personagem ficcional, mas está ditando os rumos da vida de uma pessoa "real", no papel de "Deus".
Não sou crítico literário, mas eu sei que a chave de um bom livro é a empatia que seu(s) personagem(ns) criam com o leitor. Nesse filme, a empatia é entre criador e criatura, que passa a se preocupar com a forma que ela escreve sobre a vida de sua "criação". Essa mesma empatia ocorreu entre Harold Crick e esse signatário, que passou a não se conformar com o destino "cruel" e iminente. Mas justo agora que ele começou a mudar um pouco a sua rotina, tentou mudar e arranjou uma namorada? Por que ele tem que morrer?
Ele tem que morrer pois esse livro será a obra-prima de Karen Eiffel. Se ela mata ou não Harold Crick, você terá que ver esse filme para descobrir. Eu recomendo. Eu, particularmente não gostei do final, mas acho que o outro final possível (e mais lógico) seria ainda pior.
B
Stranger Than Ficction (Marc Forster, EUA, 2006)
Quando: março/07 (Multiplex Boa Vista)
Site Oficial: www.sonypictures.com/movies/strangerthanfiction

Harold Crick tem uma vida ordinária. Todo-santo-dia ele conta quantas escovadas dá em seus dentes, pensa entre dar um ou dois nós em sua gravata em função do tempo que esse nó extra lhe tomará e sai de sua casa na mesma hora, com o mesmo café da manhã para pegar o mesmo ônibus. Todo-santo-dia. Ele não tem uma vida pessoal, não tem amigos e tem um emprego que todos que o conhecem passam a odiá-lo: é fiscal da receita federal encarregado de cobrar impostos de quem cai na malha fina.
Numa bela manhã, uma manhã como outra qualquer, com as mesmas escovadas de dentes e os mesmos passos de sua casa até o ônibus, ele se dá conta que há alguém narrando sua rotina diária como um personagem de um livro.
Intrigado, ele procura uma psicóloga, que o diagnostica como esquisofrênico e lhe prescreve remédios. Não satisfeito, ela indica um professor de literatura. A voz continua ressoando em sua cabeça nos momentos em que faz a mesma rotina de sempre até que ela lhe faz uma revelação bombástica: ele vai morrer. Em breve. Tão certo como todas as vezes em que ele folheia os processos arquivados e sente como se fosse a brisa do mar, ele vai morrer.
Nesse ponto, começa a discussão entre quem realmente está no controle de sua vida, ele mesmo ou a "voz do além". Ele tenta mudar, pois apesar de ter uma vida ordinária, banal e rotineira, ele não quer morrer. Aprende a tocar guitarra, vai ao cinema e se apaixona pela dona de uma confeitaria na qual ele é não é bem-vindo, pois está devassando suas contas em razão de "diferenças contábeis" entre o imposto pago e o imposto presumido.
Eventualmente, ele acaba conhecendo a narradora de seu dia-a-dia, a sumida (nas telonas) Emma Thompson, que fuma feito chaminé, só não o matou até aquele momento pois está tendo um bloqueio criativo e está à beira de um ataque de nervos (qualquer semelhança entre ela e seu livro e eu e minha tese é totalmente válida). Ela se dá conta que não está apenas escrevendo sobre um personagem ficcional, mas está ditando os rumos da vida de uma pessoa "real", no papel de "Deus".
Não sou crítico literário, mas eu sei que a chave de um bom livro é a empatia que seu(s) personagem(ns) criam com o leitor. Nesse filme, a empatia é entre criador e criatura, que passa a se preocupar com a forma que ela escreve sobre a vida de sua "criação". Essa mesma empatia ocorreu entre Harold Crick e esse signatário, que passou a não se conformar com o destino "cruel" e iminente. Mas justo agora que ele começou a mudar um pouco a sua rotina, tentou mudar e arranjou uma namorada? Por que ele tem que morrer?
Ele tem que morrer pois esse livro será a obra-prima de Karen Eiffel. Se ela mata ou não Harold Crick, você terá que ver esse filme para descobrir. Eu recomendo. Eu, particularmente não gostei do final, mas acho que o outro final possível (e mais lógico) seria ainda pior.
B
Stranger Than Ficction (Marc Forster, EUA, 2006)
Quando: março/07 (Multiplex Boa Vista)
Site Oficial: www.sonypictures.com/movies/strangerthanfiction
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