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VÔO 93

Exasperante.


Desde que esse filme chegou às salas de cinema brasileiras, eu esperava ansiosamente o dia em que ele estrearia aqui em Recife. Por uma infeliz coincidência, foi no mesmo dia em que um vôo da Gol caiu em Mato Grosso. Eu fiquei muito abalado e isso me fez querer dar um tempo antes de ir vê-lo, mesmo com o medo dele sair de cartaz em uma semana, ou ficar escondido numa sala de cinema num horário ingrato, como geralmente acontece com esse tipo de filme nessas bandas de cá. No domingo da eleição em primeiro turno, tinha me programado para assistir a O Diabo Veste Prada, mas como eu levei mais tempo preenchendo o comprovante de justificativa do meu voto do que esperando, cheguei mais cedo do que o planejado ao cinema. Dúvida cruel, pois esse filme começava em 10 minutos e o outro ainda demoraria 1h20.

No começo, um típico filme de catástrofe com cenas da vida ordinária e o seu rumo "normal", numa tomada panorâmica das ruas iluminadas de Nova York. O dia amanhece e conhecemos o centro de controle do tráfego aéreo dos EUA. Pensava que o filme se tratava exclusivamente do vôo da United Airlines, mas ele faz uma reconstituição não apenas desse vôo, mas sim de todo o stress que percorreu a sala de controle de tráfego, as informações desencontradas entre eles e o exército, as dúvidas sobre o que estava acontecendo quando eles perderam a comunicação com o primeiro avião e sobre quais vôos teriam sido seqüestrados ou não, a falta de comunicação com o presidente deles e a decisão de pousar todas as 4.200 aeronaves que sobrevoavam os EUA naquele momento.

O desconforto toma conta depois que você vê o rosto daquelas pessoas. Antes, as imagens do inconsciente coletivo eram "apenas" de um avião se chocando contra uma das torres do WTC, a posterior queda das duas torres, o incêndio no Pentágono e os destroços do único vôo que não atingiu o seu alvo: o vôo 93 da United Airlines.

O filme é claustrofóbico. Primeiro, porque você sabe que ele não vai terminar com um final feliz. Segundo, porque você aguarda ansiosamente o próximo passo da cadeia de eventos, que você já conhece a priori. Terceiro, porque assim que o vôo decola, um dos terroristas olha pela janela e vê as duas torres, ainda intactas. No meio de tudo isso, você percebe o caos que se instalou na sala de controle de tráfego e você fica tão perdido quanto eles devem ter ficado.

Não há heróis nesse filme. Não há bandidos. Não há tentativa de explicar o inexplicável. Há apenas a história de como tudo aconteceu, sem que um se sobressaia a outro, há apenas rostos e histórias pessoais. De 96 passageiros, de 6 comissárias de bordo, de 1 piloto e de 1 co-piloto.

O filme se desenrola de tal maneira que você sente vontade de estar lá dentro, de querer participar, de querer mudar a história.

Mas você sabe que não pode.


A
United 93 (Paul Greengras, EUA, 2006)
Quando: outubro/06 (UCI Recife)
Site Oficial: www.united93movie.com

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