Mutantes no tempo do ie-ie-ie.
A+
X-Men: First Class (Matthew Vaughn, EUA, 2011)
Quando: Junho/11 (Box Guararapes)
Sítio Oficial: x-menfirstclassmovie.com

A época: década de 1960. Contexto histórico: crise dos mísseis entre os EUA e a (então) URSS. Paralelamente, Eric Lehnsherr busca vingança contra o assassino de sua mãe e Charles Xavier procura uma forma de convivência pacífica entre mutantes e humanos “normais”.
Nos gibis, os X-Men foram publicados pela primeira em setembro de 1963. Era uma época de grande efervescência cultural com a luta por igualdade de direitos civis da minoria negra nos EUA. O surgimento destes super-humanos, que não pediram para serem assim, apenas nasceram “diferentes” da maioria, era a metáfora perfeita da discriminação sofrida por qualquer minoria por não representar a “normalidade” da maioria.
A editora concorrente, a DC Comics, também tinha a sua super-equipe de “aberrações”, a Patrulha do Destino, nascida antes, em junho do mesmo ano, mas não foi tão bem sucedida.
Na época, o debate sobre a forma com que a minoria negra deveria buscar sua integração à sociedade estadounidense estava dividido entre as manifestações pacíficas, capitaneada por Martin Luther King, e atos violentos de afirmação, sob a liderança de Malcolm X. Nos Universo Mutante, essas duas vertentes eram representadas, respectivamente, pelo Professor X (Charles Xavier), que criou uma escola para que os mutantes pudessem aprender a melhor manipular seus poderes, e Magneto (Eric Lehnsherr), um judeu polonês sobrevivente do holocausto que se torna “vilão” por querer dizimar os “seres inferiores” (nós) para que os mutantes, o próximo passo da evolução humana, possam reinar soberanamente, sem precisar se esconderem em guetos ou fingirem serem “normais”.
A grande sacada de X-Men: Primeira Classe está justamente em focar o roteiro no desenvolvimento destes dois personagens, ressaltando o porquê e como o antagonismo de suas ideias colocarão Erik e Charles em lados opostos no futuro. Outra grande sacada é focarem a época em que os dois se conheceram: os anos 1960, quando a “ameaça mutante” era apenas sussurrada em alguns corredores, longe do grande público.
Não bastasse, há ainda espaço para um grande vilão megalomaníaco, Sebastian Shaw, que quer simplesmente criar um conflito nuclear entre as duas super-potências para governar o que restar do mundo e Raven, que mais tarde viria a ser conhecida como Mística, uma mutante com a “vantagem” de poder parecer “normal” ao esconder sua verdadeira aparência.
Há o confronto final entre mocinhos e bandidos, mas o que fica são os questionamentos daquelas pessoas “cinzas”. Erik tem todo o direito de ser amargo em relação àqueles que o desprezam (ele sobreviveu ao holocausto!) e Charles, por ter sido criado com muito dinheiro, pode se dar ao luxo de viver sob a égide da paz e do amor. Shaw é o mais caricato, mas é daqueles super-vilões que você ama odiar. Mística, por sua vez, encara bem o drama do que é ser mutante. Ela pode se esconder ao se transformar em alguém “normal”, mas dessa forma ela nunca será ela mesma. E como alcançar todo o seu potencial como ser humano se você precisa fingir ser o que você não é, se atendo às “convenções sociais”?
Inicialmente, em função dos trailers e os materiais promocionais, pensava que seria um típico blockbuster acéfalo, voltado para a audiência desprovida de cérebro que temos hoje em dia, mas o resultado final superou -- e muito! -- minhas expectativas. Há um pouco de tudo nesse reboot da franquia mutante: ação, aventura, drama e humor. Todos bem comedidos e entrelaçados, fortalecendo a base para uma nova e bem-vinda franquia mutante (desde que esqueçam os erros que foram X-Men: O Confronto Final, 07 e X-Men Origens: Wolverine, 09). Bryan Singer, o diretor dos dois primeiros X-Men, volta à franquia como produtor. Assim, se recupera do fiasco que foi Superman, o Retorno (05).
A+
X-Men: First Class (Matthew Vaughn, EUA, 2011)
Quando: Junho/11 (Box Guararapes)
Sítio Oficial: x-menfirstclassmovie.com
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