Uma ode à liberdade e à diversidade.
Uma dominatrix e seu escravo. Um casal fazendo 34.713 posições do Kama-Sutra num sexo visivelmente ruim. Um cara batendo punheta e praticando auto-felação. Em menos de 15 minutos, já tínhamos visto tudo isso e umas coisinhas a mais, do tipo, homens ejaculando explicitamente e a porra de um deles escorrendo por um quadro.
O fio condutor da história é uma terapeuta de casais, Sophia, que não consegue ter orgasmos e finge para o seu marido, Rob, que no fundo quer ser dominado. Um de seus clientes é o casal formado por Jamie e James (ex-Jamie), que a procura para uma opinião independente sobre a abertura (sexual) de seu relacionamento. Eles a convidam para conhecer o Shortbus, um clube nova-iorquino onde as pessoas vão para se libertar, isto é, trepar. Metaforicamente falando, é claro.
Nesse clube, ela conhece Sevrin, a dominatrix da primeira frase dessa resenha, um grupo de lésbicas, um transformista e a hostess do clube, todos tentando dar um pitaco sobre como ela poderia ter orgasmos. Sevrin entra na história porque ela tem problemas de relacionamentos, ou melhor, não tem relacionamentos com gente real, apenas aqueles cliente-prestadora de serviços.
Para aqueles que acham que esse filme fala apenas sobre sexo, essa impressão é reforçada por uma verdadeira orgia, tão explícita quanto aquelas de Caligola (80). Eu vi um filme completamente diferente. Eu vi um filme que fala sobre a liberdade, com heteros e gays convivendo harmonicamente num mesmo lugar, com octagenários podendo perfeitamente terem espaço para trocar idéias com "bebês" de 20 e poucos anos e várias outras subtramas que é impossível resumí-las (ou então, essa resenha se tornaria extensa e entediante).
A parte "militante" está presente principalmente no diálogo entre o ex-prefeito de NY nos anos 80 e um modelo de 20 e poucos anos. O octagenário senhor faz um mea culpa sobre o seu engajamento na "causa" durante a escalada da AIDS, quando ele foi duramente criticado por estar no armário. Ele diz que fez o máximo que pôde. Se foi suficiente ou não, não importa, o que importa é que ele deu o seu melhor e fez o máximo que conseguiu.
Nova York tem um papel fundamental na trama, de uma maneira que eu não sei explicitar por não conhecê-la, mas posso especular. Pelo que se vê ao longo do filme (e se escuta aqui e ali), NY é justamente o lugar onde a liberdade está acima de tudo e você tem a possibilidade de "exercê-la" sem que ninguém se importe com isso. Pelo que se vê no filme, é lá também que as pessoas pecam e a cidade tem a capacidade de redimí-las sem pedir nada em troca.
Há uma certa alegria no ar com o clima de "liberou geral" (no sexo), mas como a hostess explica, Shortbus (o filme/o clube) traz a época dos hippies de volta, com a diferença de que agora não há mais esperança. O atentado do 11 de setembro é relembrado metaforicamente como um "blecaute". Mas assim como a vida continua, apesar dos pesares, a luz volta.
Esse é o segundo filme de John Cameron Mitchel e consegue ser melhor do que Hedwig and the Angry Inch (00). Uma pena que ele esteja apenas atrás das câmeras nesse, pois sua performance do transexual alemão oriental é magnética. Ele também é uma simpatia em suas entrevistas e é impossível não se apaixonar por seus filmes, principalmente esse aqui, onde ele foi "apenas" o diretor e o roteirista da sinopse. O resto da história ficou a cargo dos próprios atores que, ao contarem suas próprias histórias, deixaram o filme mais pessoal, original e apaixonante.
Ah, já ia esquecendo. Para quem procura sexo, ainda há Sevrin se esfregando (e gozando) na coxa de Sophia e os Jamies fazendo um threesome explícito com todos cantando o hino estadunidense enquanto um faz um cunete no outro, que faz um boquete no terceiro. O sexo é explícito, mas, acredite ou não, se você se deixar levar pela história, você vai vê-lo como se estivesse assistindo a um comercial de margarina.
A+(#75) Shortbus (John Cameron Mitchel, EUA, 2006)
Quando: Março/07 (DivX)
Site Oficial: shortbusthemovie.com
Uma dominatrix e seu escravo. Um casal fazendo 34.713 posições do Kama-Sutra num sexo visivelmente ruim. Um cara batendo punheta e praticando auto-felação. Em menos de 15 minutos, já tínhamos visto tudo isso e umas coisinhas a mais, do tipo, homens ejaculando explicitamente e a porra de um deles escorrendo por um quadro.
O fio condutor da história é uma terapeuta de casais, Sophia, que não consegue ter orgasmos e finge para o seu marido, Rob, que no fundo quer ser dominado. Um de seus clientes é o casal formado por Jamie e James (ex-Jamie), que a procura para uma opinião independente sobre a abertura (sexual) de seu relacionamento. Eles a convidam para conhecer o Shortbus, um clube nova-iorquino onde as pessoas vão para se libertar, isto é, trepar. Metaforicamente falando, é claro.
Nesse clube, ela conhece Sevrin, a dominatrix da primeira frase dessa resenha, um grupo de lésbicas, um transformista e a hostess do clube, todos tentando dar um pitaco sobre como ela poderia ter orgasmos. Sevrin entra na história porque ela tem problemas de relacionamentos, ou melhor, não tem relacionamentos com gente real, apenas aqueles cliente-prestadora de serviços.
Para aqueles que acham que esse filme fala apenas sobre sexo, essa impressão é reforçada por uma verdadeira orgia, tão explícita quanto aquelas de Caligola (80). Eu vi um filme completamente diferente. Eu vi um filme que fala sobre a liberdade, com heteros e gays convivendo harmonicamente num mesmo lugar, com octagenários podendo perfeitamente terem espaço para trocar idéias com "bebês" de 20 e poucos anos e várias outras subtramas que é impossível resumí-las (ou então, essa resenha se tornaria extensa e entediante).
A parte "militante" está presente principalmente no diálogo entre o ex-prefeito de NY nos anos 80 e um modelo de 20 e poucos anos. O octagenário senhor faz um mea culpa sobre o seu engajamento na "causa" durante a escalada da AIDS, quando ele foi duramente criticado por estar no armário. Ele diz que fez o máximo que pôde. Se foi suficiente ou não, não importa, o que importa é que ele deu o seu melhor e fez o máximo que conseguiu.
Nova York tem um papel fundamental na trama, de uma maneira que eu não sei explicitar por não conhecê-la, mas posso especular. Pelo que se vê ao longo do filme (e se escuta aqui e ali), NY é justamente o lugar onde a liberdade está acima de tudo e você tem a possibilidade de "exercê-la" sem que ninguém se importe com isso. Pelo que se vê no filme, é lá também que as pessoas pecam e a cidade tem a capacidade de redimí-las sem pedir nada em troca.
Há uma certa alegria no ar com o clima de "liberou geral" (no sexo), mas como a hostess explica, Shortbus (o filme/o clube) traz a época dos hippies de volta, com a diferença de que agora não há mais esperança. O atentado do 11 de setembro é relembrado metaforicamente como um "blecaute". Mas assim como a vida continua, apesar dos pesares, a luz volta.
Esse é o segundo filme de John Cameron Mitchel e consegue ser melhor do que Hedwig and the Angry Inch (00). Uma pena que ele esteja apenas atrás das câmeras nesse, pois sua performance do transexual alemão oriental é magnética. Ele também é uma simpatia em suas entrevistas e é impossível não se apaixonar por seus filmes, principalmente esse aqui, onde ele foi "apenas" o diretor e o roteirista da sinopse. O resto da história ficou a cargo dos próprios atores que, ao contarem suas próprias histórias, deixaram o filme mais pessoal, original e apaixonante.
Ah, já ia esquecendo. Para quem procura sexo, ainda há Sevrin se esfregando (e gozando) na coxa de Sophia e os Jamies fazendo um threesome explícito com todos cantando o hino estadunidense enquanto um faz um cunete no outro, que faz um boquete no terceiro. O sexo é explícito, mas, acredite ou não, se você se deixar levar pela história, você vai vê-lo como se estivesse assistindo a um comercial de margarina.
A+(#75) Shortbus (John Cameron Mitchel, EUA, 2006)
Quando: Março/07 (DivX)
Site Oficial: shortbusthemovie.com
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