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O LABIRINTO DO FAUNO

Porque o mundo real pode ser muito cruel.


Raras vezes (para não dizer nunca) eu saí de uma sala de cinema com tanto ódio de um personagem como dessa vez com relação ao Capitão Vidal. Igualmente, raras vezes (também para não dizer nunca) eu saí de uma sala de cinema tão chocado com o final de um filme como em O Labirinto do Fauno.

Eu li numa crítica que o destino final da protagonista é revelado logo na primeira cena, mas como eu fiquei preso num engarrafamento monstro em razão do bloqueio de várias ruas para o carnaval, cheguei uns 5 minutos atrasado. Talvez não tivesse ficado tão chocado caso a tivesse visto antes, mas mesmo assim, o destino da pobre Ofélia é impactante. Se eu tivesse os meus oito anos, abriria o berreiro como num filme dos trapalhões em que o cachorro do Didi morria (Os Trapalhões nas Minas do Rei Salomão?). Depois ele ressucitava com um pó mágico, mas até aí, o estrago já estava feito.

Na Espanha de 1944, Ofélia é órfã de pai, morto na guerra e sua mãe casou-se novamente, dessa vez com o cruel Capitão Vidal, um oficial do exército que combate as guerrilhas contrárias à ditadura franquista com o apoio da elite e da igreja católica. Pra fugir da crueldade do mundo real e das maldades de seu padrasto, Ofélia cria uma história para si mesma, aonde é uma princesa de um mundo mágico que renasceu no corpo de uma mortal. Para tomar posse de seu trono, ela deve cumprir três tarefas para provar que ela ainda não foi corrompida pelo mundo mortal. E isso é tudo o que você deve saber antes de assistí-lo, pois algo além disso, estraga.

Estou há pouco tempo nesse negócio de cinefilia, pois os únicos filmes de Guilhermo del Toro que eu vi foram o ótimo Hellboy e o horripilante Blade II. Quando eu vi o trailer desse filme, eu logo pensei "pronto, outro As Crônicas de Nárnia". Nem sabia quem era o diretor, mas depois de ler tantas críticas ótimas sobre ele, bateu arrependimento. Tarde demais, pois ele ficou apenas uma semana em cartaz aqui no Recife.Ainda tinha a esperança dele reestrear no Cinema do Parque, mas a reestréia se deu no Cinema da Fundação.

Ao longo da projeção, o mundo real e cinzento do sádico über-vilão Capitão Vidal (será que o cabelo dele à la Hittler não é mera coincidência?) é sempre contrastado com o colorido e onírico mundo imaginário criado por Ofélia. Ainda bem que o filme reestreou na Fundação, pois a fotografia e o som (soberbos!) estariam completamente desfigurados no Parque.

O Labirinto do Fauno é uma fábula sombria, mas me veio à cabeça a minha infância e a minha pré-adolescência aonde as fábulas eram contadas em filmes como A História sem Fim (85) [pausa para cantarolar a música ultra-brega never ending stooory...oh, oh, oh... oh, oh, oh...oh, oh, oh.... ], A Lenda (85), com um ainda jovem Tom Cruise de orelhas pontudas, e Labirinto (86), aonde o elfo orelhudo era ninguém menos do que David Bowie.


A
El Laberinto del Fauno (Guilhermo del Toro, MEX/ESP, 2006)
Quando: Fevereiro/07 (Cinema da Fundação)
Site Oficial: www.panslabyrinth.com

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