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ROMA DE FELLINI

A Cidade Eterna, sob as lentes de seu maior diretor.


Depois de três semanas, finalmente consegui ver esse filme antes que ele saísse de cartaz. Meu objetivo principal era rever alguns dos locais da Cidade Eterna nos quais eu tinha caminhado há pouco mais de um ano, mas esqueci que era um filme de Fellini. Nesses filmes, pode-se esperar o desfile de seres bizarros que falam alto e que mandam as pessoas tomarem no culo sem a menor cerimônia. Sim, nesse filme também há uma homenagem carinhosa às putas. Tem puta de beira de estrada, puta de parques afastados, puta de puteiro popular, puta de puteiro "Classe A", puta com duas melancias no lugar das tetas (dá M.E.D.O da moça que ilustra essa resenha e que aparece num parque isolado da capital italiana).

A história começa numa pequena vila a 340km ao norte de Roma, aonde um moleque tem aula com um professor fanático pelo Il Duce. Há alguns comentários de alguns cidadãos sobre a capital do país, coisa de gente que nunca conheceu a antiga capital do Império Romano. Depois de uma sessão de cinema, há um corte para um jovem de uns 25 anos que chega a Roma durante a II Guerra Mundial. Olhar de espanto e de alegria por chegar à Cidade Eterna. Corte para a Roma da época, no início dos anos 70, aonde há uma belíssima cena numa estrada. Novo corte, de volta aos anos 40, com o jovem num teatro. No meio do espetáculo, todos são obrigados a passar a noite num abrigo anti-aéreo. Novamente nos anos 70, hippies pregam o amor livre nas escadarias da Piazza de Spagna. E assim, sucessivamente, os cortes alternam os anos 40 e 70.

Deve-se frisar também a aula de história sobre a construção do metrô de Roma, aonde os engenheiros foram obrigados a parar as obras e a desviar o traçado original das duas únicas linhas todas as vezes que eles se deparavam com um sítio histórico. Também recomendo bastante atenção quando uma mulher corre sob um viaduto durante o bombardeio da IIGM. O jogo de luzes e sombras é fantástico.

E já que estamos falando de Roma, então, a Igreja Católica tinha que se fazer presente. Ela se mostrou de forma espetacular no bizarro (eufemismo) desfile de moda eclesiástica que mais parecia aqueles desfiles de alegorias aonde Clóvis Bornay era o rei. Teve até uma beata que quase ficou toda babada como a tia da novela ao falar dos mantos vermelhos dos cardeais. No ápice do desfile, eu já estava me sentindo como numa orgia de Caligola (80).

Ah, sim, já tinha me esquecido do objetivo principal que me fez ir ao cinema. Quando eu menos espero elas estão lá: Piazza Nuovona, Piazza de Spagna, Forti Santo Antonio, Il Tèvere, Via Venetto, Piazza Venezia, La Chiesa de la Boca de la Verittà (que eu esqueci o nome), Acqueduto de Tiberius, Villa Borguese etc etc etc. Só faltou a Fontana di Trèvi.

A forma que ele escolheu para mostrar tudo isso? Um passeio noturno a bordo de uma horda de motociclistas. Algo tipo Juventude Transviada mesmo. Minha vez de quase ficar todo babado como a tia da novela.

Não se fazem mais Fellinis como antigamente...


A
Roma (Frederico Fellini, ITA, 1972)
Quando: setembro/06 (Cinema da Fundação)
Site Oficial: ficha imdb

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