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SUPERMAN - O RETORNO

Ele voltou.



A expectativa valeu a pena. Após uma novela de dez anos, o Super-Homem voltou às telonas de forma magistral. Tive que passar por cima de três aborrecentes que insistiam em não calar a boca e que, infelizmente estavam ao meu lado. Depois de as mandarem, educadamente, mas com a minha delicadeza ímpar, se comportarem, já tinha perdido todo o letreiro inicial. Até aí, nada demais, pois eu já estou cansado de saber que Kal-El é o único sobrevivente do falecido planeta Kripton e que foi enviado à Terra pelo seu pai, Jor-El, sendo criado no coração do Kansas por Jonathan e Martha Kent.

Após uma jornada de 5 anos em busca de suas origens, o Super-Homem volta à Terra e percebe que o mundo não parou. Lois Lane se tornou mãe, está num "longo noivado" e ganhou o prêmio Pulitzer por artigo em que mostrava porque o mundo não precisava de um Super-Homem.

Sua volta à ativa se dá de forma magistral, com a cena da queda do avião. Não tem a dramaticidade como aquela aonde ele segurava Lois Lane num braço e um helicóptero no outro como no filme de Richard Donner (Superman: The Movie, 78), mas ela te faz prender o fôlego tanto quanto. O único porém é que eu percebi claramente que o Super-Homem era um boneco digital. Quando ele se tornou de carne e osso, ele continuou parecendo um boneco, pois carregaram tanto em sua maquiagem que parecia que ele havia passado por uma sessão de aplicação de botox, tamanha a falta de qualquer marca de expressão em seus rosto.

Isso me incomodou, mas logo abstraí por causa do mesmo diálogo sobre estatísticas de acidentes aéreos e do desmaio de Lois Lane (que me remeteram diretamente ao filme de 78). Entretanto, a impressionante semelhança física entre o Clark Kent de Brandon Routh e o de Christopher Reeve, o timbre de voz dele como Super-Homem e diversas outras cenas, como por exemplo, os dois presos na porta giratória do Planeta Diário, fizeram com que eu voltasse a me incomodar na poltrona. Eu simplesmente não sabia se estava num filme novo ou num remake mais elaborado do antigo. Até mesmo a hesitação da companheira de Lex Luthor me remeteu à Srta. Teschmacher. Criar um novo continente e inundar os EUA? Lex Luthor já tentou afundar a Califórnia anteriormente.

Mas esqueci disso tudo rapidamente quando vi Clark Kent olhando os arquivos com o nome de Lois Lane e quando ele a observava subir pelo elevador com sua visão de raio-x. Foi aí que eu entendi qual era a essência do filme: a história do amor platônico de Clark Kent por Lois Lane, que ama o Super-Homem. Nos gibis, os dois estão casados, mas há apenas 10 anos, depois de 58 anos desse triângulo amoroso. É realmente angustiante ver o deslocamento de Clark com a nova situação de Lois. A sua amada está num longo relacionamento... e tem um filho! Nesse contexto, qual seria o papel dele?

Eu admiro a coragem do diretor por focar o filme nesse drama, afugentando o grosso da audiência dos cinemas que busca a violência gratuita, corpos retalhados e a escatologia, mas Super-Homem não é um justiceiro obcecado como o Batman e muito menos um carniceiro como o Wolverine, os dois mais populares personagens dos quadrinhos de hoje. Super-Homem é, acima de tudo, um "bom moço". Super-Homem não teria o escrúpulo necessário para explodir um planeta inteiro para que o vilão não vencesse e não retalharia alguém com suas garras só porque esse lhe olhou torto. O Super-Homem é considerado hoje em dia pela massa consumidora dos quadrinhos como um sujeito meio "bobo" pela pureza de seus caráter e de seus valores morais. Ele é "certinho demais". Mas o Super-Homem representa tudo que está acima do bem e do mal. Ele representa alguém em quem você deve confiar, alguém que dá o exemplo.

Se esse filme desagrada os ávidos por sangue, acerta em cheio aos apreciadores de um bom cinema, com cenas de plasticidade contagiante como a sede do Planeta Diário em estilo Art Déco, ou o encontro do Super-Homem com o Sol para "recarregar as baterias", ou nas outras três que eu não agüentei e comecei a chorar (não vou falar para não estragar a surpresa de quem ainda não viu).

O filme alterna bem as cenas de romance platônico entre os protagonistas, as maquinações de um Lex Luthor interpretado irrepreensivelmente por um Kevin Spacey que parecia estar se divertindo e as proezas que somente um Super-Homem seria capaz de fazer como pulverizar cacos de vidro com sua visão de calor ou parar um incêndio na tubulação de gas com o seu super-sopro. Poderia falar também sobre segurar um avião em queda livre, mas aí já seria repetitivo com o começo dessa resenha.

Você até mesmo já se esqueceu de respirar quando o Super-Homem está levantando o continente criado por Lex Luthor e dando um exemplo de superação já que ele está repleto de kriptonita.

Não há uma cena como o Super-Homem de Christopher Reeve voando e gritando feito um louco depois que Lois Lane morre, mas a penúltima cena desse filme, quando ele contracena com o filho de Lois teve o mesmo efeito sobre os meus olhos.

E aí acabou. Ele voa com a Terra ao fundo e não nos resta o que fazer, a não ser esperar ansiosamente pela seqüência.



Se bem que há a sempre válida opção de "bisar" a sessão de cinema...


A
Superman Returns (Bryan Singer, EUA, 2006)
Quando: Jul/06 (UCI Recife)
Site Oficial: wwws.br.warnerbros.com/supermanreturns

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