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ELIZABETHTOWN

A impressionante constatação de como um ator é capaz de arruinar um filme.


Na Trilogia do Anel (01-03), até que ele estava competente (forma carinhosa de se dizer passável) na pele alva e com orelhas pontudas do elfo Legolas. Mas até aí, ele era apenas mais um na superpovoada trilogia. Depois que alcançou o posto de protagonista, em Piratas do Caribe (03) e Tróia (04), ele foi apenas o mesmo insípido e inodoro que é aqui. [nota: me dei ao luxo de não assistir a Cruzada (05)]

Estava atrasado, a seção já tinha começado e, para piorar, fui inventar de comprar pipoca. Resultado: cheguei quando Drew recebe o telefonema da irmã, dizendo que seu pai havia falecido e que ele deveria ir para Elizabethtown cuidar dos preparativos do funeral. Talvez não tenha perdido muita coisa, pois o filme só começou (forma carinhosa de se dizer só se sustentou) quando a aeromoça Claire entrou em cena.

Mesmo assim eu ainda estava com uma palavra na cabeça para esse filme: decepção. Como Cameron Crowe, depois de me embasbacar com Vida de Solteiro (92), [nota: não vi Jerry McGuire (96)], Quase Famosos (00) e Vanilla Sky (01), pôde fazer uma escolha tão infeliz para o papel principal de seu filme? Nenhuma cena onde Orlando Bloom "lidera" se salva. Mas como errar é humano e Cameron é Cameron, ele acertou no ponto: quando Drew e Claire estão em cena... você simplesmente se deixa contagiar por ela e esquece que ele existe. Ou melhor, ele é perfeito para se contrapor à ela.

Quando Drew chega em Elizabethtown, tudo se transforma. Eu nasci numa pequena cidade, perdida no interior de São Paulo, para onde volto uma única vez no ano (na melhor das hipóteses, duas). À medida em que ele passava pelas ruas e todo mundo apontava o caminho, eu me senti como se fosse eu que estivesse andando, depois de muito tempo, pelas alamedas arborizadas de Orlândia, apreciando a arquitetura das casas (que é bem diferente daqui do NE) e o belo conjunto que se forma [nota: nesses povoados, você não é você, é rebaixado à categoria de neto, filho, sobrinho, primo ou irmão de alguém]. Logo quando ele estaciona, damos de cara com o primo Jessie. A melhor (e infelizmente subaproveitada) descoberta do filme.

Aí temos a parte em que todos os tios, tias, primos, agregados & todo o resto aparecem. Quem é que não fica suspirando por alguma guloseima de uma tia? O bolo de chocolate da Tia Olga... vou te contar!

Quando assisti a Denise Está Chamando (95), achei "bizarro" que nenhum ator contracenava com o outro. Eles se falavam pelo telefone. Tempos modernos, o casal de protagonistas desse filme, se fala por telefone também, mas por celular! E até que a coisa dá certo, pois eles acabam se reencontrando e temos a cena que ilustra essa resenha, lá encima.

Depois de algum tempo, chega um momento onde o filme pára. Infelizmente, não me lembro da seqüência (provavelmente é por isso que ela é dispensável), mas readquire ritmo quando Susan Sarandon chega em Elizabethtown e enfrenta a família que a despreza. E ela, óbvio, rouba o filme sapateando Moon River, em homenagem ao marido, que ela conheceu num elevador em Tóquio, numa época em que ambos estavam noivos de outros. [close para a eterna ex-noiva, chorando]

No tempo em que eu era pequeno, eu compartilhava um sonho com meu irmão, de que meu avô paterno se casasse com minha avó materna, já que ambos eram viúvos, mas isso não vem ao caso agora. O que importa é que ambos idolatravam.... Moon River. Eu fui à glória na vez em que toquei para os dois, num natal qualquer, em meu (então) novíssimo órgão, que acabara de ganhar. Talvez eu tenha me sentido o mesmo que Jessie ao tocar Free Bird.

A pomba pega fogo, o funeral termina em grande estilo e no dia seguinte, é a vez do enterro do terno azul. Logo após, chega o momento em que Claire entrega a Drew um mapa para ajudá-lo na viagem de volta, que seria de carro.

E temos a frase do filme:


I leave you, to get into the deep, beautiful melancoly of everything that has happened. That's a great memo.

Eu teria parado o filme logo após esse ponto, com Drew se despendindo de Claire e fazendo o que ele faz antes de chegar na Segunda Maior Feira do Mundo, se bem que o joguinho que Claire armou na feira, fazendo-o correr atrás do gorro vermelho, deu um gostinho alegre ao final.


B+
Elizabethtown (Cameron Crowe, EUA, 2005)
Quando: 03/01 (Multiplex Mag Shopping, João Pessoa)
Site Oficial: www.elizabethtown.com

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