Documento verdade
O mais perturbador em Milk é saber que, apesar de estarmos 30 anos “a frente” de seu tempo, quase nada mudou em relação ao modo como a sociedade encara os homossexuais. No tempo do politicamente correto (e o medo de ser “incorreto”), o mantra é ”temos que respeitá-los”, sem se dar conta que a frase em si já diz tudo com a parte implícita do “apesar deles serem homossexuais”.
Harvey Milk era um simples contador quando chegou aos 40 e se deu conta que não tinha realizado nada até então. Pediu demissão, virou hippie e viajou o país com o seu namorado até se estabelecer na Rua Castro, em São Francisco. De repente, ele se viu como uma espécie de líder entre os homossexuais da região e, naturalmente, acabou se candidatando a uma vaga de conselheiro da cidade (acho que deve ser uma espécie de vereador). Perdeu 3 ou 4 eleições até que, em 1978, ele conseguiu se eleger. Antes do ano terminar, foi morto a tiros por um de seus colegas conselheiros.
É uma cine-biografia clássica, sem muitos sobressaldos, com o tempo praticamente linear dos fatos, exceção feita ao “testamento” gravado que é intercalado nos momentos de elipses. Está longe de ser um estupendo Gus Van Sant, mas o seu tom panfletário é no ponto certo, te instando a tirar a bunda da cadeira para tentar fazer alguma coisa para mudar a mentalidade tacanha do mundo.
Outro fato interessante são as imagens reais da época, principalmente daquela Miss-cantora-evangélica-etc do EUA e sua campanha contra os homossexuais. Na década de 1970 eles queriam que os professores homossexuais fossem demitidos. Felizmente, essa proposta não foi aprovada, porém, ano passado, os mesmos californianos disseram não ao casamento de homossexuais.
A
Milk (Gus Van Saint, EUA, 2008)
Quando: Fevereiro/09 (Box Guararapes)
Sítio Oficial: ficha imdb
Nenhum comentário:
Postar um comentário