Só consegui ter minha atenção capturada no meio do filme, quando aquela irritante câmera trêmula deu um tempo, assim como aquela janela dupla “realidade”/ficção.
Antes de mais nada, saiba (e eu não estarei estragando nada, apenas te avisando): a história “real” do filme é mentira. Uma mentira que tentam te enfiar goela abaixo de forma tão forçada que estraga o filme, que tem uma premissa interessante. Numa cidade do Alasca, várias pessoas com problemas de insônia se queixam a uma psiquiatra de que são acordados por uma “coruja”. Através de hipnose, descobre-se que não é uma coruja que os acordam.
Tivessem se concentrado apenas em contar a história do ocorrido, o filme seria melhor, mas a atual onda dos filmes de terror estadunidenses ou é fazer um remake de filmes estrangeiros ou forçar uma história como sendo baseada em fatos reais. Esse filme se encaixa na segunda categoria. Assim, há uma infinidade de janelas duplas entre a “realidade” (com a “real” Dra. Abigail Tyler sendo entrevistada num programa de TV e filmando as sessões com seus pacientes) e a ficção (a “recriação” da história “real”, com Milla Jovovich no papel da Dra. e outros personagens com “nomes fictícios”).
Claro que há furos no roteiro. O maior deles é o fato de “esconder” porque o xerife tem tanta “raiva” da Dra. Abigail. Ele que, teoricamente, deveria ser equilibrado a ponto de manter a lei e a ordem, mesmo com o relato de um guarda, não acredita na versão da Dra. para um fato que, por si só, já é um furo. O que ele faz? Começa a gritar com ela e quebra uma cadeira na casa dela. Sutil, não? Aí recomeça a forçação de barra para tornar a história real e o roteiro descarrilha de vez. Até onde eu sei, hipnose serve para você se lembrar de algo que esteja escondido dentro do seu cérebro e não para contactar alienígenas.
Eu acredito em discos voadores e, de certa forma, acredito em abduções alienígenas e repito: a história é interessante. Mas toda história interessante nas mãos de produtores, roteiristas e diretores medíocres acabam se perdendo e não deixam uma única marca.
C
The Fourth Kind (Olatunde Osunsanmi, EUA, 2009)
Quando: Janeiro/2010 (Box Guararapes)
Sítio Oficial: thefourthkind.net
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