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SONHOS COM XANGAI

Sonhos não realizados


Como economista, eu fico impressionado com o vigor econômico chinês. Apesar de ter consciência das engrenagens econômicas desse "milagre", minha análise não é completa pois as transformações sociais não são tão amplamente divulgadas quanto as econômicas. Dessa forma, o cinema é uma das alternativas para tentar entender esse fenômeno e me chamou a atenção a sinopse desse filme, que é sobre uma família que antigamente habitava em Xangai, mas que há 10 anos foi para uma distante região no interior do país para trabalhar numa fábrica de peças no início dos anos 80 e que sonha em retornar à sua antiga cidade.

Mais especificamente, a história é sobre uma menina com os seus 15/16 anos e o sonho de seu pai de voltar para Xangai, algo que o governo não permite, e de vê-la numa universidade. O choque de gerações entre a China tradicionalista, representada pelos pais, tanto da protagonista como de sua melhor amiga, e a China moderna, com os rapazes usando calças boca-de-sino bem ao estilo de Elvis Presley e as moças com os cabelos encaracolados e vestidos mais "ousados", ocorre.

O pai da protagonista é um verdadeiro fascista dentro de casa, apesar de fazer parte do sindicado da fábrica. A moça tem que ir de casa para a escola e da escola para casa, pois ela tem que estudar para entrar numa universidade. A marcação cerrada é a tal ponto que eles se encontram na saída da escola para que ele possa "escoltá-la" de volta para casa. A mãe é mais liberal, mas é voto vencido dentro de casa. O contraponto é sua melhor amiga, que tem uma educação mais liberal.

Um outro tema do filme é a denúncia da política chinesa de deslocamento de grandes massas populacionais e a impossibilidade de livre trânsito dos trabalhadores, que são obrigados a ficar aonde foram locados, mesmo contra a vontade deles.

O filme é interessante, as relações são bem construídas, mas o ritmo é de uma monotonia que beira o insuportável na maior parte do filme, entrecortados por dramalhões bem ao estilo mexicano. Na tentativa de se fazer um cinema "de arte", dá-lhe planos longos, abertos e diálogos quase inexistentes em vários momentos.


C-
Sonhos com Xangai (Qing Hong, China, 2005)
Quando: Abril/07 (UCI Recife)
Site Oficial: ficha imdb

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