Drogas? Tô fora!
O homem duplo do título é Bob Arctor, um agente especial infiltrado num grupo de traficantes da "Substância D" com o objetivo de prender os grandes traficantes numa história que se passa "daqui a sete anos".
Gostaria de ter ido ao cinema mais preparado para ver esse filme, pois fui completamente às cegas, de olho apenas no nome do diretor, e já estava de saco cheio lá pela metade do filme. "Como é que Richard Linklater pôde fazer um filme tão ruim como esse?", eu pensava, enquanto olhava incansantemente para o relógio e via as pessoas não tão corajosas quanto eu saindo da sala, uma a uma.
Minha capacidade de concentração já era nula e piorou ainda mais com a minha incapacidade de detectar um objetivo para o filme, nada que pudesse ser resumido em uma frase, como eu normalmente inicio minhas resenhas. Então, eu passei a prestar atenção quase que exclusivamente na "animação" (na verdade, na "pintura" que fizeram em cima da filmagem real), voltando para a história de tempos em tempos.
Quando o tormento finalmente terminou, a primeira frase que apareceu nos letreiros finais é "este filme é dedicado a todos aqueles que pagaram mais do que deviam por seus atos". Em seguida, uma lista de pessoas que só quiseram "se divertir" e acabaram morrendo, tendo AVCs e coisas ainda piores.
Foi aí que eu finalmente entendi o objetivo do filme e através de um método que em economês é chamado de "backward induction" (depois que o resultado final do sistema ocorre, você volta no tempo para descobrir como ele chegou a esse ponto), comecei a rebobinar a fita e vi os pontos chaves.
Bob é um policial infiltrado, mas os dois hemisférios do seu cérebro entram em conflito em função do uso excessivo da "Substância D", sua "namorada" tem aversão ao toque humano, um efeito colateral da droga, um de seus amigos junkies morre de overdose numa alucinação aonde seus pecados serão lidos incessantemente por toda a eternidade e os outros já estão com os seus cérebros fritados há tempos, não sendo capazes de elaborar sentenças que tenham algum sentido. Bob também acaba com o seu cérebro fritado e num estado no qual é "recrutado" para trabalhar numa fazenda aonde se planta as flores de onde se extraem a "Substância D". The End.
Há certos diretores que colocam suas impressões digitais em seus filmes e eu não estou falando de algo tão explícito como um Hitchcock cruzando uma faixa de pedestres, estou me referindo à uma "aura" que envolve todos os seus filmes, toda uma pessoalidade que faz você ser capaz de "sentir" que o filme é desse ou daquele diretor. Richard Linklater é um desses diretores e apesar de A Escola do Rock, Antes do Entardecer e O Homem Duplo serem filmes tão dispares entre si, você "vê" o seu dedo em cada um deles.
B+
A Scanner Darkly (Richard Linklater, EUA, 2006)
Quando: Abril/07 (Cinema da Fundação)
Site Oficial: wip.warnerbros.com/ascannerdarkly
O homem duplo do título é Bob Arctor, um agente especial infiltrado num grupo de traficantes da "Substância D" com o objetivo de prender os grandes traficantes numa história que se passa "daqui a sete anos".
Gostaria de ter ido ao cinema mais preparado para ver esse filme, pois fui completamente às cegas, de olho apenas no nome do diretor, e já estava de saco cheio lá pela metade do filme. "Como é que Richard Linklater pôde fazer um filme tão ruim como esse?", eu pensava, enquanto olhava incansantemente para o relógio e via as pessoas não tão corajosas quanto eu saindo da sala, uma a uma.
Minha capacidade de concentração já era nula e piorou ainda mais com a minha incapacidade de detectar um objetivo para o filme, nada que pudesse ser resumido em uma frase, como eu normalmente inicio minhas resenhas. Então, eu passei a prestar atenção quase que exclusivamente na "animação" (na verdade, na "pintura" que fizeram em cima da filmagem real), voltando para a história de tempos em tempos.
Quando o tormento finalmente terminou, a primeira frase que apareceu nos letreiros finais é "este filme é dedicado a todos aqueles que pagaram mais do que deviam por seus atos". Em seguida, uma lista de pessoas que só quiseram "se divertir" e acabaram morrendo, tendo AVCs e coisas ainda piores.
Foi aí que eu finalmente entendi o objetivo do filme e através de um método que em economês é chamado de "backward induction" (depois que o resultado final do sistema ocorre, você volta no tempo para descobrir como ele chegou a esse ponto), comecei a rebobinar a fita e vi os pontos chaves.
Bob é um policial infiltrado, mas os dois hemisférios do seu cérebro entram em conflito em função do uso excessivo da "Substância D", sua "namorada" tem aversão ao toque humano, um efeito colateral da droga, um de seus amigos junkies morre de overdose numa alucinação aonde seus pecados serão lidos incessantemente por toda a eternidade e os outros já estão com os seus cérebros fritados há tempos, não sendo capazes de elaborar sentenças que tenham algum sentido. Bob também acaba com o seu cérebro fritado e num estado no qual é "recrutado" para trabalhar numa fazenda aonde se planta as flores de onde se extraem a "Substância D". The End.
Há certos diretores que colocam suas impressões digitais em seus filmes e eu não estou falando de algo tão explícito como um Hitchcock cruzando uma faixa de pedestres, estou me referindo à uma "aura" que envolve todos os seus filmes, toda uma pessoalidade que faz você ser capaz de "sentir" que o filme é desse ou daquele diretor. Richard Linklater é um desses diretores e apesar de A Escola do Rock, Antes do Entardecer e O Homem Duplo serem filmes tão dispares entre si, você "vê" o seu dedo em cada um deles.
B+
A Scanner Darkly (Richard Linklater, EUA, 2006)
Quando: Abril/07 (Cinema da Fundação)
Site Oficial: wip.warnerbros.com/ascannerdarkly
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